sexta-feira, 21 de março de 2014

sobre poeiras e vinhos baratos

não encoste na minha estante
não limpe nenhuma poeira dos meus livros, elas permanecem aí por mais tempo do que muitas pessoas que prometeram ficar, essas poeiras não me dão alergias, elas tem histórias pra contar, elas escutavam os soluços baixinhos no escuro e os gritos insanos perdidos pela sala. toda essa poeira possui vida, possui sentimentos. não é loucura. talvez eu seja um pouco louco e infeliz. não me julgue. não fale meu nome pelas costas. não seja mais um filho da puta nessa cidade imbecil. eu não tolero esse tipo de gente. eu prefiro ver toda essa poeira com a palavra solidão estampada nas capas dos livros. eu até me importo com o vizinho.
me contento com os poucos goles de vinho durante o dia, é o suficiente para deixar meus lábios doces e ter uma visão melhor da vida, não preciso de garrafas de vinhos absurdas e bonitas para satisfazer minha vontade de beber feito um louco, só preciso ver a cor forte e o sabor melancólico. os guardanapos estão sujos, as marcas redondas, as blusas brancas ganharam uma nova cor. os pensamentos chatos ganharam vidas. o meu prazer e descoberta, só aumenta.
a minha fome já se foi e a minha paz ainda nem chegou…
Eduardo Alves.